segunda-feira, 28 de março de 2011
Jornal de Poesia - Editor: Soares Feitosa
"Primeiro susto: uma goiaba grávida de bicho." Marcelo Benini
sábado, 26 de março de 2011
Pensamento
"Eis que o homem se perde em si mesmo,
Na sua própria e obscura mente.
Labirinto profundo
E no fundo,
Afundando com ele,
Acha-se o mundo,
Todo imundo..."
Na sua própria e obscura mente.
Labirinto profundo
E no fundo,
Afundando com ele,
Acha-se o mundo,
Todo imundo..."
A casca de banana
Conto
A casca de banana
Descendo a Rua da Conceição, perto do centro, havia uma quitanda muito procurada pelas pessoas por trazer afamados produtos fresquinhos das chácaras do arrabalde. Ali, como em toda decente quitanda achavam-se abóboras e abobrinhas, verduras, mandioca, frutas, etc. Tudo da sua melhor qualidade.
Pela manhã principalmente, era um ponto de confluência de donas de casa ávidas por adquirirem os melhores e mais frescos produtos da terra. De um lado ouvi-se dizer:
_ Mandioca boa!
E do outro:
_ Olha o alface, salsinha...
Mas, eis que um grito irrompe de um lugar indeterminado...
_ Ah!
E logo em seguida:
_ Ai, ai, ai, meu Deus ai...
Por um segundo a quitanda se cala... Silêncio interrompido por reações de espanto e surpresa:
_ O que foi isso meu Deus?!
_ Alguém foi atropelado?
Nesse instante, pescoços se esticam; olhares se desviam buscando além de algumas senhoras ao redor de alguém.
“Que horror!” diz uma senhora com cara de ameixa em conserva. Estendendo suas mãos trêmulas e débeis tenta re-erguer outra senhora de quase igual feição. Inutilmente tentara, uma vez que por certo a infeliz acidentada haveria de ter fraturado ou quebrado algum osso. E tão logo impedida por um mais sabido: “Não podemos mexer nela porque podemos machucá-la mais, vou procurar ajuda.”
Ao lado um garoto curioso com muito esforço irrompeu entre as saias e sacolas.
Jeito esperto e assaz traquina. Fartava-se com uma banana a qual interrompera para atender àquele grito, guiado pela característica irresistível e perdoável de curiosidade infantil diante de um fato curioso. Ao ver a senhora estirada ao chão rogando por um médico, achou aquilo espantoso. Saciada a curiosidade, mas não a vontade de ainda estar ali observando, continuou mastigando o resto de banana ainda não devidamente processado e apreciado para então ser satisfatoriamente engolido. Trazia consigo uma penca de oito bananas. Oito não... Seis! Pois se podiam ver dois pontos vazios que pelo que estava em sua mão sendo já apreciada podia-se concluir que a outra que faltava já teria sido muito bem aproveitada por ele.
Mas o leitor deve estar se perguntando da importância que estou dando para o gosto do menino por esta fruta, amarelinha cor de ouro, a nossa tropicalíssima banana; que por sinal é uma das minhas prediletas. O caso é que não me sai da cabeça a cara de susto e de surpresa que fez o garoto escorregar por entre as saias e sacolas, quitanda a fora, quando viu a senhora sendo levantada pelos lestos e competentes homens do corpo de bombeiros, e ter visto uma casca de banana nanica emplastada no bumbum da coitada da senhora.
Arnaldo Brites Filho
A casca de banana
Descendo a Rua da Conceição, perto do centro, havia uma quitanda muito procurada pelas pessoas por trazer afamados produtos fresquinhos das chácaras do arrabalde. Ali, como em toda decente quitanda achavam-se abóboras e abobrinhas, verduras, mandioca, frutas, etc. Tudo da sua melhor qualidade.
Pela manhã principalmente, era um ponto de confluência de donas de casa ávidas por adquirirem os melhores e mais frescos produtos da terra. De um lado ouvi-se dizer:
_ Mandioca boa!
E do outro:
_ Olha o alface, salsinha...
Mas, eis que um grito irrompe de um lugar indeterminado...
_ Ah!
E logo em seguida:
_ Ai, ai, ai, meu Deus ai...
Por um segundo a quitanda se cala... Silêncio interrompido por reações de espanto e surpresa:
_ O que foi isso meu Deus?!
_ Alguém foi atropelado?
Nesse instante, pescoços se esticam; olhares se desviam buscando além de algumas senhoras ao redor de alguém.
“Que horror!” diz uma senhora com cara de ameixa em conserva. Estendendo suas mãos trêmulas e débeis tenta re-erguer outra senhora de quase igual feição. Inutilmente tentara, uma vez que por certo a infeliz acidentada haveria de ter fraturado ou quebrado algum osso. E tão logo impedida por um mais sabido: “Não podemos mexer nela porque podemos machucá-la mais, vou procurar ajuda.”
Ao lado um garoto curioso com muito esforço irrompeu entre as saias e sacolas.
Jeito esperto e assaz traquina. Fartava-se com uma banana a qual interrompera para atender àquele grito, guiado pela característica irresistível e perdoável de curiosidade infantil diante de um fato curioso. Ao ver a senhora estirada ao chão rogando por um médico, achou aquilo espantoso. Saciada a curiosidade, mas não a vontade de ainda estar ali observando, continuou mastigando o resto de banana ainda não devidamente processado e apreciado para então ser satisfatoriamente engolido. Trazia consigo uma penca de oito bananas. Oito não... Seis! Pois se podiam ver dois pontos vazios que pelo que estava em sua mão sendo já apreciada podia-se concluir que a outra que faltava já teria sido muito bem aproveitada por ele.
Mas o leitor deve estar se perguntando da importância que estou dando para o gosto do menino por esta fruta, amarelinha cor de ouro, a nossa tropicalíssima banana; que por sinal é uma das minhas prediletas. O caso é que não me sai da cabeça a cara de susto e de surpresa que fez o garoto escorregar por entre as saias e sacolas, quitanda a fora, quando viu a senhora sendo levantada pelos lestos e competentes homens do corpo de bombeiros, e ter visto uma casca de banana nanica emplastada no bumbum da coitada da senhora.
Arnaldo Brites Filho
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